O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) está intensificando a vacinação contra a febre amarela em 26 municípios das regiões da Serra, Norte, Litoral e Vale do Paranhana, caracterizados como prioritários para as ações de controle da doença no Rio Grande do Sul.
A medida se deve à confirmação do óbito de quatro macacos bugios na área de floresta de Pinhal da Serra, na divisa com Santa Catarina. Outros casos de primatas contaminados estão sendo investigados em Monte Alegre dos Campos, também na Serra, e em Barracão, na Região Norte.
Os bugios (e os macacos-prego, no caso do RS), são considerados sentinelas da febre amarela e não causam riscos à população. Esses primatas servem como indicadores da presença do vírus no ambiente silvestre. Eles adoecem depois que são picados pelo mosquito transmissor, o Haemagogus. Humanos não vacinados são contaminados somente ao serem picados por esses mosquitos infectados.
A imunização deve ser intensificada pelas secretarias municipais de saúde com busca ativa dos não vacinados. Pessoas que não têm comprovação vacinal deverão ser considerados não vacinados e devem se dirigir às Unidades Básicas de Saúde dos seguintes municípios: Barracão; Bom Jesus; Cambará do Sul; Caará, Dom Pedrito de Alcantara, Esmeralda, Itati, Jaquirana, Machadinho, Mampituba, Maquiné, Maximiliano de Almeida, Monte Alegre dos Campos, Morrinhos do Sul, Osório, Pinhal da Serra, Riozinho, Rolante, Santo Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes, Terra de Areia, Torres, Três Cachoeiras, Três Forquilhas e Vacaria.
Vigilância permanente
No RS, a vigilância integrada da febre amarela é realizada há mais de 20 anos, de forma permanente. A diretora do CEVS, Cynthia Bastos Molina, explica que "sempre há uma equipe técnica nos territórios apontados como prioritários”.
O biológo do CEVS, Jader da Cruz Cardoso, explica que, em função dessa vigilância permanente, no início de janeiro até agora, já foram encontrados quatro bugios mortos. “Esses achados motivaram a equipe do CEVS a se deslocar até o local para uma investigação minuciosa e, além disso, a Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde do CEVS continua recebendo amostras de bugios mortos para exame de confirmação de febre amarela”, afirma. A população que reside ou frequenta áreas de floresta deve notificar a secretaria municipal da saúde do seu município no caso de encontrar algum bugio morto na localidade.
O biólogo Cardoso destaca que “o monitoramento da progressão do vírus em outros Estados detectou sua chegada em Santa Catarina em março de 2019, aumentando nosso nível de alerta”.
Nesse sentido, foi elaborado um Plano de Contingência que permitiu a formação de uma equipe de referência estadual, formada por biólogos e veterinários das Coordenadorias Regionais de Saúde, para colocar em prática um plano de ação que consistia na capacitação de profissionais de saúde e entrevista com moradores de áreas de mata nos municípios prioritários (divisa com SC e litoral norte inseridos na Mata Atlântica), considerando a possível rota de entrada do vírus no RS.
A vacina
A melhor forma de prevenção à febre amarela é a vacinação. A vacina utilizada no Brasil é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz e está disponível nas Unidades básicas de Saúde dos municípios do Estado. Também é importante lembrar que deve-se sempre usar repelentes em ambientes silvestres, observando as recomendações de cada fabricante em relação ao prazo de ação efetiva de cada produto.
Crianças devem tomar a primeira dose aos nove meses e um reforço aos quatro anos. A partir dos cinco anos, crianças que não foram vacinadas podem tomar apenas uma dose. Esta dose única deve ser aplicada até os 59 anos de idade. A vacinação de pessoas com mais de 60 anos de idade, gestantes e mulheres que estejam amamentando crianças menores de 6 meses deve ocorrer em situações especiais (como emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, mediante a avaliação de risco/benefício, feita por um médico). Em mulheres que estejam amamentando, pode-se considerar a suspensão do aleitamento materno por 10 dias. Pessoas com imunodepressão deverão ser avaliadas e vacinadas segundo orientações do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE).